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Publicado em 24/05/2021

Aumenta o preço dos produtos chineses

Efeitos estratégicos de ter a China controlando diversos negócios

A China estuda formas de reduzir a produção interna de aço, com o objetivo de controlar a emissão de gás carbônico e diminuir o gigantesco superavit comercial. A enorme produção de aço é responsável por 15% das emissões de carbono do país, que deseja reduzir em 30% o volume de emissões até 2030, assim como busca uma pegada neutra de carbono a partir de 2060. Esse movimento deverá acontecer por meio da redução de impostos para o aço vendido internamente, local ou importado, e menores subsídios às exportações de 83 tipos de aço. Essa redução nas exportações chinesas de aço pode gerar uma lacuna no fornecimento com o aumento dos preços mundiais do produto. O efeito dessa medida no preço do minério de ferro ainda é uma incógnita: o aumento no valor do aço beneficiado pode trazer junto o preço da commodity. Por outro lado, comprando menos, a China diminui a demanda internacional. Algo para monitorar com atenção nos próximos meses.

Outro segmento no qual a fabricação chinesa tem influência fundamental é o de veículos eletrificados e seus componentes. Dados da Bright Consulting mostram que, entre os 3,2 milhões de veículos eletrificados vendidos em 2020, mais de 1,3 milhão foram comercializados na China – isso significa que mais de 40% das vendas mundiais de eletrificados estão entre os chineses. Alemanha e Estados Unidas seguem à distância com 398 e 328 mil unidades respectivamente. Os mercados onde os eletrificados mais proliferaram têm sido aqueles em condições de subsidiar o alto custo com incentivos, com a intenção de reduzir emissões de GHG (gases de efeito estufa). Veículos BEV (elétricos à bateria) formam 69% desse volume pela inabilidade dos híbridos de toda espécie em permanecer abaixo dos 50g de CO2 por quilômetro no ciclo tanque-à-roda. É muito importante lembrar que esses resultados poderiam mudar radicalmente com o uso de biocombustíveis e e-Fuel (combustíveis sintéticos produzidos a partir de energia limpa) no ciclo poço-à-roda, no qual a captura de CO2 passa a fazer parte da conta.

A China lidera a produção de baterias e de componentes eletrônicos. Como estes produtos dependem de escala de produção para se chegar a baixos custos, ninguém passará os chineses. Mesmo empresas campeãs de tecnologia como a Tesla se estabeleceram no país para capitalizar a escala de investimentos, produção e vendas, como comprava a giga fábrica Tesla de Xangai. Exemplo desses benefícios são as conversações em curso entre a Tesla e o gigante chinês na produção de baterias EVE Energy Co, que traz inovações no conceito lítio-ferro-fosfato (LFP), mais baratas de se produzir. Dificilmente esse acordo sairia se o fornecedor não estivesse ancorado no mercado chinês.

Peças chinesas são uma constante nas várias linhas de produção de automóveis de todo o mundo, com preços competitivos e confiabilidade seguindo padrões globais. As rupturas logísticas ocorridas com a pandemia, com o bloqueio temporário do canal de Suez e com a aceleração da demanda dos microchips têm gerado muitas dúvidas sobre a dependências de insumos chineses, a ponto de grandes fabricantes, como a Intel, repensarem na manufatura em outros locais. Se os fabricantes de veículos vão conseguir diminuir sua dependência de componentes chineses, esse é um assunto a ser comprovado no futuro.

Cassio Pagliarini
Bright Consulting

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