Publicado em 04/02/2020
Eficiência Energética e Emissões: benefícios do Rota 2030 e riscos do PROCONVE
Montadoras com alta performance em eficiência energética se preparam para solicitar, a partir de outubro, benefícios antecipados do programa Rota 2030, que podem atingir de 1pp a 2pp de redução de IPI para os veículos que ultrapassarem a meta de qualificação em 5,7% e 10,8%, respectivamente.
A mobilidade sustentável tem sido tema central nos pronunciamentos dos CEO’s das montadoras locais, principalmente nos últimos 12meses. A intenção clara é se alinhar à discussão global sobre redução de emissões de gases de efeito estufa (CO2) e gases poluentes, com o diferencial de que, no Brasil, o “frenesi” pela adoção de veículos puramente elétricos é, por razões óbvias, muito mais comedido.
O monitoramento de Eficiência Energética da Bright Consulting mostra crescente evolução dos veículos vendidos no mercado brasileiro desde a última qualificação obrigatória em 2017. Apesar da grande mudança no mix de vendas com aumento significativo da participação de SUV’s – que superou 22,0% do mercado em 2019 –, a eficiência energética apresenta evolução de 2,0%, mesmo com o aumento da massa dos veículos.
Prevemos que as montadoras que alcançaram os índices incentivados de benefício de IPI em 2017 no Inovar Auto estão mais próximas de manter esse benefício na qualificação de 2022 do Rota 2030. Isso corresponderá a mais de 1,4 milhão de veículos beneficiados com redução média de IPI de US$ 300 por veículo. Adicionalmente às metas de eficiência energética, o aumento dos requisitos de segurança com tecnologias de assistência à direção exigidas/permitidas no programa aumentará a chance de se atingir o benefício máximo em 2022.
A Plataforma Digital da Bright Consulting permite identificar as principais estratégias adotadas até o momento pelas montadoras para obter “compliance” com a legislação e como será a evolução tecnológica nos próximos 2 anos. Mitsubishi, Porsche, Toyota e Volvo já alcançam as metas de qualificação do Rota 2030, devido, principalmente, ao volume de veículos híbridos no portfólio dessas empresas.
No quadro a seguir, podemos identificar a posição relativa das montadoras em dezembro de 2019:
A evolução da adoção de tecnologias que contribuem para a melhoria da eficiência energética e, consequentemente, menor emissão de CO2 destaca a tendência de downsizing para motores de 3 cilindros e maior utilização de turbocompressores, o que pode ser identificado no quadro abaixo:
A Mobilidade Sustentável no ambiente brasileiro deve ter seus planos futuros ancorados na complementariedade dos programas Rota 2030, PROCONVE e RenovaBio e os reguladores devem ajustar rapidamente a legislação para evitar que riscos ao histórico desenvolvimento dos combustíveis alternativos e da própria indústria se materializem. Damos destaque para a fase L8 do PROCONVE que, devido a um erro conceitual, pode liquidar com os motores flex a partir de 2025 pela impossibilidade de se atender aos limites atualmente propostos.
O Brasil precisa aproveitar o novo ciclo de mudanças nos sistemas de propulsão para maximizar as vantagens competitivas que a utilização do etanol em motores híbridos nos propicia. É preciso também participar ativamente dos fóruns globais cobrando a validação das várias alternativas de motorização, medidas a partir do ciclo completo da matriz energética, ou seja, do poço à roda. Este ponto chave abre imenso espaço para um salto quântico ao futuro se investirmos pesadamente no desenvolvimento da propulsão a hidrogênio a partir do etanol.
Essa é uma nova chance de criarmos alianças estratégicas com centros de excelência mundiais em pesquisa e desenvolvimento e participarmos com liderança do futuro da evolução da propulsão limpa.
Paulo Cardamone
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