ARTIGOS

Publicado em 15/03/2021

Mobilidade sustentável é só para os ricos e milionários?

A estrutura fiscal permite que veículos Premium façam a transição imediata enquanto o cliente médio está privado dessa evolução

O Corolla Híbrido Flex, com preço logo acima de 150 mil reais, não é exatamente um veículo popular, mas inaugurou a oferta de propulsão eletrificada para simples mortais e foi responsável por quase 50% das vendas de veículos eletrificados no país. Excetuando-se essa oferta e outros veículos de baixos volumes, os outros veículos eletrificados têm preços acima de 200 mil reais, algumas vezes bem acima desse valor. Por outro lado, os veículos Premium foram mais rápidos em virar a chave, oferecendo e transformando seu portfólio para baixa pegada de carbono.

O segredo dessa mudança é a legislação Rota 2030, na qual o imposto de importação de 35% é substituído por outros impostos muito menores. No caso de veículos puramente elétricos com bateria, esse imposto cai a zero. Para veículos híbridos, o cálculo final depende do motor e da arquitetura utilizada, mas dificilmente passará de 7%.

O que significa essa arquitetura fiscal? Em primeiro lugar, permite livre entrada aos veículos importados eletrificados, uma vez que caiu a barreira do imposto de importação. Em segundo lugar, permite a adição de tecnologia suplementar – a eletrificação – sem aumentar o preço final ao cliente. O que já era caro, continua caro, mas agora tem baixa emissão de gases de efeito estufa (GHG) e com imagem eco-friendly.

Os veículos produzidos domesticamente não desfrutam desse benefício e a adição de um powertrain híbrido ou elétrico trará preços muito mais salgados do que de um veículo equivalente com motor a combustão – é o que acontece com o Corolla, que tem o preço elevado de 120 para 150 mil reais com o powertrain híbrido.

Existem diferentes rotas tecnológicas que têm em comum a presença de um motor elétrico que contribui para a tração do veículo, seja total ou parcial. A tração elétrica permite a regeneração de energia em descidas e desacelerações, elevando fortemente a eficiência energética desses produtos.

Quanto maior a bateria empregada, mais caro será o conjunto. Veículos puramente elétricos alimentados por bateria (BEV) necessitam de uma capacidade considerável para permitir o desejado alcance de rodagem. Considerando um custo já otimizado de 100 dólares por kWh, o cliente de um Renault Zoe pagaria quase metade do preço apenas para a bateria – impraticável para carros compactos. Já carros Premium permitem essa “extravagância”. Desenvolvidos para seus mercados de origem, praticamente todas as montadoras possuem ofertas nesta rota tecnológica e são aplicados em países com incentivos diretos para sua comercialização.

A solução empregada pelo Corolla Híbrido é um HEV, conjunto composto de motor a combustão e motor elétrico, ambos tracionando as rodas. Neste caso, as baterias são necessárias apenas para recuperar a energia regenerada, com tamanho menor e baixo alcance, abaixo de 30km. Isso permite um preço bem menor que um elétrico a baterias. Alguns veículos como os SUV’s da linha Volvo e Land Rover são PHEV – híbrido com baterias pouco maiores e carregáveis externamente em suplemento ao carregamento pelo próprio motor, o que permite operação puramente elétrica em percursos urbanos diários. Obviamente adiciona mais custo e está disponível em veículos ainda mais caros.

Existe uma alternativa de custo menor, chamada de MHEV ou híbrido leve (mild hybrid em inglês), onde o motor elétrico também é o alternador do veículo. Esse motor-gerador é capaz de regenerar energias de desaceleração e contribuir na tração. Presente nos Premium Audi, Mercedes-Benz e Land Rover, esta tecnologia poderia tranquilamente ser incorporada em SUVs compactos que proliferam no mercado brasileiro, finalmente trazendo soluções energeticamente mais eficientes ao consumidor “comum”.

Esse é um terreno inexplorado até agora e as montadoras que se aventurarem por essa rota tecnológica conseguirão a vantagem dos pioneiros. Tudo leva a crer que os parâmetros em definição para as metas 2027 do Rota 2030 levarão em conta todas estas alternativas tecnológicas e permitam o desenvolvimento de soluções que valorizem os ativos brasileiros em biocombustíveis e as necessidades de alcance e autonomia. As soluções não são únicas, como está demonstrado pelos veículos comerciais a bateria, com grandes vantagens na distribuição urbana. Em resumo, tudo pronto para começar a partida. A Bright Consulting tem ideias bem definidas sobre a magnitude e composição do segmento de elétricos e híbridos para os próximos anos. Quer saber mais? Fale com a gente.

Cassio Pagliarini
Bright Consulting

Office: + 55 19 3397.0175

contato@brightisd.com

Condomínio Centre Ville I
Rua Place Des Vosges, 88, BL. 2,
UN 114, CEP 13105-825
Campinas - SP, Brazil

Todos os direitos reservados à Bright Consulting

Desenvolvido por: