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Publicado em 25/04/2021

O crescimento no volume de veículos de alto preço

Viagem de férias e cursos no exterior são os verdadeiros concorrentes na compra de veículos premium e superesportivos

O mercado de veículos premium e superesportivos passa por um momento de aquecimento no Brasil. Marcas como Volvo e Porsche mais que dobraram seu market share de 2016 a 2020 e atingem resultados de vendas jamais igualados no país. O que leva a esse aumento na demanda de veículos caros e exclusivos?

A pandemia trouxe limitações a todos em 2020 e agora em 2021 com a segunda onda da Covid-19. Essas limitações vão desde a perda do emprego para funções de trabalho no atendimento presencial de clientes até a quase paralização das atividades de turismo. Devido à grande contaminação no país, o Brasil se encontra proscrito como origem ou destino de viagens para quase todas as nações. Mesmo as viagens domésticas foram bastante afetadas, com resorts e hotéis restritos na admissão de hóspedes. Até as visitas a restaurantes caíram muito neste período. O que isso tem a ver com a compra de um veículo? Ora, na falta de uma viagem de férias ou de visitas regulares a restaurantes refinados, várias pessoas escolhem um novo automóvel como recompensa para seu trabalho e conquistas. Nas camadas economicamente mais saudáveis, essa recompensa toma a forma daquele carrão de sonho que esse cliente sempre quis ter.

A compra de um superesportivo ou de um veículo premium compensa, de certa maneira, os sentimentos de solidão, isolamento e infelicidade causados pela pandemia. Convenhamos que é uma forma bastante sofisticada de exercitar a sua frustração contra a Covid-19.

Existem outras despesas discricionárias que foram reduzidas, como os cursos de especialização e pós-graduação, principalmente no exterior. Estes foram postergados e os recursos ficaram disponíveis para aplicar na “mobilidade como prazer”, termo inspirado em mobilidade como serviço. A “mobilidade como prazer” não leva seu proprietário do ponto A ao ponto B, mas faz um circuito fechado de volta ao ponto de partida, proporcionando mais felicidade.

As novas tecnologias sustentáveis aplicadas aos superesportivos e premium permitem certa transigência, pois a carga fiscal foi reduzida para os veículos eletrificados, produtores mais moderados de gases de efeito estufa (GHG – greenhouse gas). Ao invés de pagar um imposto de importação de 35%, os veículos eletrificados pagam muito menos: zero imposto de importação para veículos elétricos movidos a baterias e de 2 a 7% para os híbridos. Isso permite aumentar a carga tecnológica sem aumentar preço, embora só funcione para importados e muito caros. É até questionável o fato de que os proprietários dos veículos mais caros são os que pagam o menor imposto.

A alta na venda de veículos premium atingiu também as picapes, particularmente atrativas para empresários do agronegócio. As marcas presentes no Brasil têm trazido versões especiais importadas em séries limitadas, com um conteúdo tecnológico bastante completo. Esses baixos volumes se esgotam em dias e servem como chamariz para as versões normais de seus produtos.

Os veículos de luxo tendem a sofrer menos com as incertezas do mercado. Nessa faixa de preços, o comprador não tem o temor de perda de emprego, ao contrário do que pode ocorrer com os de segmentos inferiores. Enquanto permanecerem as restrições de circulação e de viagem, a queda das vendas dos carros luxuosos só deve ocorrer caso haja falta deles no mercado por conta da crise de componentes.

Cassio Pagliarini e Murilo Briganti
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