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Publicado em 16/10/2019

Resultados inconsistentes para a frenagem autônoma

Em média, um pedestre é morto a cada 88 minutos em acidentes de trânsito nos Estados Unidos, totalizando quase 6.000 pessoas por ano. Segundo um levantamento feito pela Arteris, concessionária responsável por diversos trechos de rodovias federais brasileiras, 31% dos óbitos registrados nas estradas envolvem atropelamento de pedestres. Considerando o trânsito dentro e fora dos centros urbanos, as estatísticas são ainda mais alarmantes. Mais de 6.900 pedestres morrem vítimas de acidentes de trânsito, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). Portanto, fica claro o porquê de tantas montadoras estarem investindo montanhas de dinheiro no desenvolvimento de tecnologias ADAS voltadas a pedestres, que podem ajudar a reduzir esses números.

O primeiro sistema de detecção de pedestres chegou ao mercado em 2011 usando radares e sensores de imagem para detectar possíveis colisões com pessoas, bem como com outros veículos. Embora estes sistemas destinam-se a mitigar uma colisão, eles não se destinam a substituir uma ação do motorista. Os sistemas de detecção de pedestres são projetados para cenários pré-estabelecidos, mas a tecnologia não consegue executar como deveria situações inusitadas, como uma criança correndo entre dois carros estacionados ou uma pessoa caminhando na via à noite.

Uma nova pesquisa da American Automobile Association of America (AAA) revelou que os sistemas de frenagem autônoma com detecção de pedestres têm performance inconsistente e provaram ser completamente ineficazes durante a noite.  Um resultado alarmante, considerando que a maioria das mortes por atropelamento ocorrem após o escurecer. Os sistemas também foram colocados à prova em situações corriqueiras no mundo real, como um veículo virando à direita e se deparando imediatamente com um pedestre. No caso desse cenário, verificou-se que o sistema não reagiu em nenhum momento, colidindo com o pedestre todas as vezes.

Principais conclusões

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Ao se deparar a 30km/h com uma criança, a colisão ocorreu em 89% dos casos. A 50km/h nenhum dos veículos em teste evitou a colisão.

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Quando testado a 30km/h com dois adultos no lugar da criança a porcentagem se reduziu para 80%. A 50km/h apenas um dos veículos evitou a colisão em 20% dos casos.

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Ao se deparar imediatamente após uma curva a direita, nenhum dos veículos em teste evitou ou mitigou a colisão com o pedestre.

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Durante o dia, a 20km/h, ao se deparar com um adulto, a colisão foi evitada em 40% dos casos. Já a 30km/h, apenas um dos veículos evitou em 40% dos casos.

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À noite, nenhum dos veículos detectou ou reagiu frente ao pedestre adulto.

O intuito deste levantamento não é menosprezar ou criticar as novas tecnologias de assistência, mas sim identificar onde existem lacunas para contribuir na educação dos consumidores e compartilhar com os fabricantes maneiras de melhorar a sua funcionalidade. Essa nova tecnologia pode servir para alertar motoristas e ajudar a reduzir a probabilidade ou severidade de um acidente – seja com outro veículo, ou um pedestre. No entanto, até que esses sistemas sejam comprovados 100% consistentes – especialmente os sistemas de detecção de pedestres – durante o dia e a noite e em uma variedade de situações, o condutor ainda deve:

  • Estar sempre alerta aos arredores do veículo;
  • Não depender exclusivamente do sistema de emergência;
  • Ler o manual do proprietário e conversar com o revendedor para entender as funcionalidades e restrições das tecnologias do seu veículo.

Os veículos testados foram Chevrolet Malibu, Honda Accord, Tesla Model 3 e Toyota Camry, todos modelo 2019. No Brasil, essa tecnologia ainda possui uma penetração extremamente baixa (menos de 2%, se considerarmos apenas item oferecido de série) e está presente majoritariamente em veículos de maior valor. Contudo, há menos de um mês, a Hyundai do Brasil lançou o novo modelo de seu B-hatch com essa tecnologia de assistência embarcada nas versões mais caras. Isso fará com que seus concorrentes também tenham que evoluir em termos de tecnologias ADAS e, consequentemente, aumentar o market share das mesmas. Em breve, teremos os resultados do uso do equipamento no Brasil.

Murilo Briganti Bright Consulting

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