ARTIGOS

Publicado em 30/08/2019

A triste sina dos pequenos fornecedores de autopeças

Os fornecedores de autopeças são classificados em Tiers de 1 a 3, sendo que os Tiers 1 vendem para as montadoras, os Tiers 2 para os Tiers 1 e os Tiers 3 produzem insumos diversos, de matéria-prima a componentes de base. O faturamento dos Tiers 1 segue fielmente a performance das montadoras para quem fornecem diretamente.

Os Tiers 1 têm alternativas de compra de seus subconjuntos tanto de produtores locais quanto de gigantes internacionais ou de suas subsidiárias. Do lado doméstico, os custos logísticos são menores, é menor a necessidade de estoques e a negociação é mais fácil. Já do lado internacional, tudo é mais travado, porém mais seguro. Os grandes fornecedores internacionais têm a escala, a tecnologia e a marca a seu lado, mas são eles quem ditam as negociações.

Pequenos fornecedores e seus entraves

Os executivos da indústria já sabem que os pequenos fornecedores têm problemas com capital de giro, com a gestão e com a restrição de fontes de tecnologia. Mas, não são apenas esses os seus entraves. Os repasses de preços não respeitam os aumentos dos insumos e obrigam esses produtores a uma rotina cada vez mais espartana. Os Tiers 3 têm pouco acesso a programas de produção e eles mesmos precisam fazer os estoques reguladores, caso contrário, perdem vendas quando uma oportunidade incremental aparece – isso acontece também com muitos Tiers 2. A grande maioria dos Tiers 3 desconhece onde seus produtos são instalados, marcas e modelos, principalmente no caso de peças mais genéricas: subcomponentes, retentores, relés, lâmpadas.

Uma luz no fim do túnel

Uma esperança surgiu no XXVII SIMEA, com a notícia de que a iniciativa PPP – Projetos e Programas Prioritários –, criada com o Rota 2030, seja regulamentada em setembro. Essa resolução prevê auxílio aos fornecedores a partir dos depósitos de 2% das compras no exterior no regime ex-tarifário. Estão previstos investimentos nas áreas de pesquisa, produtividade, inovação, segurança, propulsão alternativa e outras transversais. Se bem administrada, a distribuição destes recursos poderá ser uma grande alternativa para as PME’s.

A evolução do setor passa, fundamentalmente, pela gestão mais eficiente e focada nas prioridades de cada segmento, montadora e tecnologia. As montadoras e Tiers 1 também podem ajudar negociando o acesso à tecnologia e dividindo mais informações com sua cadeia. Essa gestão evoluída também se beneficiaria de uma fonte mais segura de informações sistemáticas de vendas, exportação e produção, que os permitissem trabalhar com estoque mais eficiente e previsões de vendas mais confiáveis. O mercado necessita urgentemente de informações robustas e confiáveis que garantam melhores decisões e, consequentemente, resultados que suportem a evolução futura das empresas.

Cássio Pagliarini
Bright Consulting

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