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Publicado em 21/11/2019

Veículos Elétricos – Uma opção para poucos

Apesar dos notáveis esforços de muitas montadoras em trazer veículos mais acessíveis e atraentes para o mercado de elétricos, a realidade é que os preços altos ainda são uma barreira e transformam esses automóveis em um nicho de mercado. Além disso, ainda existem outros três importantes entraves: falta de incentivos em algumas regiões, falta de infraestrutura de recarga e oferta limitada de veículos.

China e Europa são primeiro e segundo, respectivamente, em termos de venda de veículos elétricos no mundo. O mercado chinês cresceu cerca de 66% no 2º semestre de 2019, se comparado ao 1º do ano anterior. Já no mercado europeu, o crescimento foi menor: cerca de 34%, principalmente pela falta de modelos populares. Apesar do menor crescimento, o mix de veículos Plug-in Hybrids (PHEV) e Battery Electric Vehicles (BEV) se alterou por conta de níveis de emissões de CO2 mais rigorosos e mudança no formato de taxação dos PHEV – BEV, que cresceram de 51% para 68%.

No mundo, a venda atingiu, no 1º semestre de 2019, 1.134.000 unidades, 46% maior do que no mesmo período em 2018. No entanto, se considerarmos o mercado global de veículos leves, eles representam um nicho de mercado, sendo apenas 2,5% do total. Isso fica ainda mais evidente quando analisamos o mercado da América do Sul, principalmente o Brasil. Em 2018, foram comercializados 426 veículos elétricos (77% PHEV – 23% BEV). Para o ano de 2019, nossas projeções indicam que serão vendidos cerca de 1750 veículos elétricos (71% PHEV – 29% BEV), ou seja, 0,07% do mercado total projetado para o ano.

O alto preço desses veículos explica, de alguma forma, o porquê da baixa popularidade. O ticket médio (preço sugerido ponderado pelas vendas de 2019) no Brasil é de aproximadamente R$ 80.715, enquanto o dos veículos elétricos, atinge mais de R$ 300.000. Quando segmentada em faixas de preço, a venda de veículos acima de R$300.000 atinge apenas 0,5% do mercado, aproximadamente, 13.300 unidades. Isso indica um mercado potencial extremamente pequeno, pois, se considerarmos as finalidades pelas quais esses veículos são comprados, não seriam todos elétricos e esse mercado seria dividido por mais de 12 montadoras atualmente.

A grande pergunta é: os preços cairão?

A diferença entre o preço de um veículo puramente elétrico e um movido a combustão interna tende a se reduzir no longo prazo. O valor tende a cair com a redução do custo das baterias e na medida que as montadoras consigam compartilhar entre si plataformas dedicadas e avanços tecnológicos. Será muito difícil para as montadoras reduzirem o preço, mantendo lucratividade e equilibrando a lenta evolução de volume de vendas.

A maioria dos lançamentos já anunciados ou previstos são veículos de grande porte (seguindo a cada vez maior a tendência dos SUV’s), com design arrojado e com maior autonomia, o que tende a encarecer para o consumidor final. O preço da versão de entrada do recém anunciado VW ID.3. hatch compacto, é de $33.180, enquanto a VW Tiguan SEL (SUV topo de linha) custa os mesmos $33.000 nos EUA. Outros lançamentos como o novo SUV da Tesla ou até mesmo o puramente elétrico da Volvo devem ficar com preços beirando os $60.000, faixa essa que já atinge veículos extragrande como VW Touareg. O novo Renault Kwid elétrico poderia vir como uma oportunidade para alavancar o volume de elétricos, mas é esperado que seu valor fique próximo aos $12.000, ou seja, a conversões simples e diretas para o real, custaria pelo menos o dobro do que já custa no Brasil.

Murilo Briganti
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