1,4 milhão de veículos totalmente elétricos vendidos no Brasil

E-Mobility Scenarios 2030, Eletrificação, Mercado, mobilidade elétrica

SHARE

As vendas de veículos BEV, totalmente elétricos, se iniciou em volumes comerciais a partir de 2018 e vem aumentando desde então. A entrada da chinesa BYD durante 2023 foi fundamental para esse crescimento, a partir da oferta do modelo Dolphin em agosto, e o volume continua a crescer pela participação da GWM e de novos competidores.

Usando números redondos, o ano de 2024 deverá fechar com um emplacamento de 200 mil veículos eletrificados, com 72 mil desses sendo totalmente elétricos. Esse volume crescerá ano a ano com a maior disponibilidade de modelos a preços mais acessíveis e os totalmente elétricos representarão 2,35% do parque circulante de veículos leves, estimado em 57 milhões de unidades para 2030. Dessa frota, 87,5% ainda estará desprovida de um motor elétrico, o que demonstra que nossa dependência dos combustíveis líquidos fornecidos por postos de serviço durará ainda muito tempo.

Fazendo um Raio-X desse 1,4 milhão pelo E-Mobility Scenarios 2030, descobrimos que 55% desse volume será produzido por marcas de origem chinesa e 65% será de veículos importados. Mesmo os 35% produzidos localmente terão seus componentes de propulsão trazidos de fora pela falta de escala para a produção local dessa categoria de produto. O regime CKD para essa produção deverá ser realizada em linha de montagem dedicada pela alta tensão empregada pela bateria de propulsão, que requer dispositivos e processos exclusivos de controle e segurança.

Isso significa que a participação da rede de suprimentos brasileira estará alijada da maior parte desse fornecimento. Mesmo para os 35% produzidos localmente, as peças cativas deverão ser importadas dentro do kit CKD e o fornecimento local estará limitado a bancos, rodas, pneus, vidros, revestimentos e pintura, se tanto.

Hoje se discute a antecipação da curva de aceleração do imposto de importação para 35% e o conjunto de diretrizes para a importação dos componentes desses veículos CKD. Repetindo o que aconteceu com a “taxa das blusinhas” será necessária uma cuidadosa definição de regras fiscais para assegurar a produção brasileira com 3 focos: 1) aumento da competitividade da produção local; 2) manutenção de barreiras fiscais de média intensidade; e 3) uma política industrial que favoreça esse investimento no Brasil, já iniciada de forma “suave” pelo programa MOVER.

Por todas as razões inversas às descritas acima, o país deverá experimentar um crescimento forte dos veículos híbridos leves (também chamados de mild hybrid ou micro híbridos) ora em desenvolvimento pelas principais montadoras de grande volume por aqui:

  • Sistemas elétricos de propulsão de 12V ou 48V, sem grandes dificuldades de manuseio;
  • Podem ser montados na mesma linha de montagem dos veículos equivalentes puramente a combustão;
  • Custos incrementais menores da bateria de propulsão e do motor-gerador, tornando-os mais acessíveis nas faixas mais volumosas do mercado;
  • Concepção e fabricação local desses componentes e seus sistemas de controle.

 

O lançamento dessas primeiras versões híbridas leves deverá acontecer no final deste ano e fará uma contribuição decisiva para o progresso de eficiência energética do programa MOVER. Este é o passo possível até o momento em que as baterias estejam mais baratas e as redes de carregamento mais amplamente distribuídas. Todos os dados complementares dessa evolução estão descritos no projeto E-Mobility Scenarios 2030 da Bright Consulting.

Cassio Pagliarini.

Artigos Relacionados

Quer saber mais?

Clique no botão para agendar uma demonstração exclusiva!