Muito tem-se falado a respeito da depreciação acelerada dos veículos eletrificados quando comparados aos movidos a combustão. Fato ou mito?
Desde o lançamento da ferramenta PRM – Preço de Referência de Mercado – da Bright Consulting, muitas informações tornaram-se mais claras para o preço de transação dos veículos novos e para o preço dos veículos usados – conquistando a adesão de bancos, montadoras e associações pela sua elevada assertividade e granularidade. Ao contrário de outros formatos de preços disponíveis no mercado, nossa ferramenta infere o preço de transação por um algoritmo e usa dados de mercado para afinar esse cálculo. Isso proporciona muitas vantagens, entre elas a previsão de preços mesmo em momentos que a base de dados seja insuficiente. Também permite preços geolocalizados, com correções para cor e quilometragem e projeções futuras de preços.
Ao apresentar nossa ferramenta PRM a vários clientes, uma pergunta aparece de forma constante: qual foi a desvalorização dos eletrificados usados em comparação com os veículos a combustão? Pelo histórico pequeno desses veículos e seu limitado volume, o mercado carecia de informações confiáveis. Agora, pela primeira vez, trazemos uma comparação entre as médias de desvalorização das várias rotas tecnológicas para o primeiro ano de uso:
É uma verdade incontornável: todos eletrificados desvalorizaram mais do que os veículos a combustão. Pressionados por fatores como preço mais alto, pequena disponibilidade de pontos de recarga, expectativa de vida das baterias e autonomia de rodagem, os veículos elétricos puros (BEV) são aqueles com a maior depreciação, 3 pp acima do que os veículos a combustão. Os híbridos puros também têm-se mostrado sensíveis da depreciação, com valores no mesmo nível dos BEV. A média geral do mercado se assemelha ao número dos veículos puros a combustão pelo irrisório volume dos eletrificados entre os veículos usados.
O preço inicial dos veículos também afeta a desvalorização, sendo que os veículos mais caros – normalmente premium – demonstram uma resistência maior à depreciação. Entre os BEV, a desvalorização média para o primeiro ano para veículos acima de 300 mil reais está em 8%, valor que sobe para 15% na média dos veículos abaixo daquele patamar. Em outras palavras, veículos BEV de preços mais acessíveis tiveram uma desvalorização no primeiro ano superior ao dobro da depreciação dos veículos a combustão pura. Para os PHEV, a diferença também é acentuada, com 6% de desvalorização para veículos acima de 300 mil reais e 13% para veículos abaixo desse patamar. Já em híbridos plenos, a diferença de desvalorização acontece menos por faixa de preço e mais por produto, com alguns no patamar de 20% enquanto outros não chegam a 10%.
Passando a régua, a desvalorização maior dos veículos eletrificados usados é consequência da insegurança dos clientes em comprar uma tecnologia nova, em produtos que já têm pelo menos 1 ano consumido da garantia, sem que os segundos compradores tenham contratado essa garantia diretamente com a marca. Também é decorrente do baixo número de veículos nessa condição e deverá melhorar com o amadurecimento desse mercado. As marcas premium se beneficiam com uma desvalorização menor do que outras marcas menos custosas.
E os veículos eletrificados novos? Como têm se comportado seus preços? Bem, no segundo semestre de 2023 houve um esforço grande das montadoras em reduzir os preços e tornar os produtos mais acessíveis. O lançamento de veículos elétricos BEV de grande volume abaixo de 200 mil reais – e agora a partir de 100 mil reais – tem contribuído muito para o crescimento do mercado de veículos eletrificados, que atingiu 7,5% das vendas de março: 3,5% para BEV; 1,7% para PHEV; 1,6% para HEV e 0,7% para MHEV.
Com a elevação das alíquotas de importação restituídas a partir de janeiro, houve uma elevação dos preços de TRANSAÇÃO de eletrificados novos, mesmo nos casos em que o preço de lista continua inalterado. A tabela abaixo mostra essa elevação nos preços de TRANSAÇÃO de eletrificados NOVOS mês a mês para cada rota tecnológica:
Portanto, o mercado de novos tem reagido às mudanças de regulação e os aumentos devem se intensificar no segundo semestre com a segunda onda de aumentos no imposto de importação e diminuição das cotas com imposto zero.
A ferramenta PRM da Bright Consulting consiste em um modelo matemático que monitora preços de marcas, modelos e versões, segundo ano modelo em todas as regiões do país. Por ser um algoritmo aferido por dados de mercado, permite análises verticais e horizontais, por marca, por segmento, por motorização, assim como permite inferências de curto prazo para preços futuros. Caso queira conhecer melhor a nossa metodologia, entre em contato conosco!