AUTOMOTIVERESTART

A nova ordem do setor automotivo pós Covid-19

Publicado em 27/10/2020

A “uberização” do trabalho, saúde e educação 

As deficiências expostas pela evidência da Covid-19

Mudanças drásticas na história da humanidade ocorrem em três principais condições: em pandemias, revoluções e guerras. A pandemia de Covid-19 tem nos mostrado o quanto as populações são resilientes e quão organizado cada país tem se mostrado em lidar com a enfermidade.

Independentemente do nível organizacional de cada nação e da seriedade com que cada sociedade trata os princípios de preservação da saúde, como distanciamento social e uso de máscaras faciais, a tecnologia digital tem sido o recurso globalmente utilizado, seja na disseminação de informações, seja na volumosa transferência de dados, quando o trabalho se torna home office e a educação, home school.

A primeira digitalização expressiva, acontecimento histórico no Brasil, ocorreu nos bancos há 37 anos com a operacionalização dos caixas eletrônicos na cidade de Campinas, no Estado de São Paulo. Porém, nada se compara ao salto em tecnologia no ano de 2007, com o lançamento do primeiro smartphone – não se imaginava que um dispositivo na palma da mão, concebido para ligações telefônicas, acabaria se tornando um meio tão importante de conexão com o mundo e o conhecimento.

Lançada em 2010 nos Estados Unidos e, em 2014, no Brasil, a plataforma Uber surgiu da necessidade de as pessoas se deslocarem enquanto estavam em país estrangeiro. Essa inovação mudou não somente o formato da mobilidade, que agora passou a ser sob demanda, por meio dos smartphones, mas também criou um formato de trabalho. Agora, o modelo tende a ser replicado na saúde, na educação e no lazer. O termo “uberização” se dá pelo fato de a empresa ser a pioneira nessa nova condição de sistema de trabalho.

Dentro do segmento “uberizado”, as entregas já se popularizaram mundialmente, sustentando o fluxo de caixa das empresas impedidas de abrirem ao público durante a pandemia, como os restaurantes. Estima-se que a modalidade passe de meio milhão de entregadores no Brasil, sendo a maioria por motocicletas. Pressionados pelos clientes, esses motociclistas pressionam as empresas de aplicativos por melhores condições e remunerações de trabalho. Só no mês de maio de 2020, em plena quarentena, o número de motociclistas que se acidentaram e vieram a óbito cresceu 38% na cidade de São Paulo.

O smartphone associado aos avanços nas telecomunicações, com tecnologia 4G na maioria das grandes cidades, gera uma grande expectativa para a próxima fase. A intensificação digital através do 5G, com maior velocidade de transferência de dados e baixa latência, tornará viável os veículos autônomos. Mesmo que a infraestrutura tenha que ser toda atualizada, com novas antenas de transmissão, a pandemia de Covid-19 vai acelerar essa reformulação em função das demandas crescentes.

Quando o assunto é mobilidade urbana, a tomada de decisão na escolha do deslocamento pode utilizar-se de três pilares, de maneira consciente ou não:

9

Modalidade de transporte. Que meio vou utilizar?

9

Tempo de percurso. Quanto tempo será o deslocamento?

9

Custo do trajeto. Qual o custo para esse deslocamento?

Essas três variáveis, interdependentes, têm uma variável transversal, que influencia na escolha a cada etapa do processo, aqui descrita como segurança. Na figura 1 são apresentadas as quatro variáveis.

Na análise da variável segurança, pode-se elencar cinco itens em função das características de cada cidade: riscos com acidentes de trânsito; assaltos ou furtos; riscos de assédio sexual e moral; questões geradas pelo meio ambiente; e, por último, riscos de transmissão de doenças.

Os riscos de doenças impactam diretamente na escolha da modalidade para deslocamento na cidade. O ano de 2020 será marcado pela pandemia de Covid-19 e essa circunstância tem mudado as alternativas do público jovem, aumentando a procura pela micromobilidade (bicicletas e patinetes) ou financiamentos de automóveis e motocicletas. Aqueles que antes tendiam ao compartilhamento de veículos e uso do transporte público tiveram a influência da variável transversal na sua escolha.

Mas essa situação também não se perpetuará e esse é o desafio. O automóvel, símbolo na transformação mundial e dos grandes centros urbanos após a Segunda Guerra Mundial, terá que se reinventar após a recuperação da pandemia. A concorrência com um novo modelo com novos recursos tecnológicos está no próprio smartphone. Assim como a saúde e educação se transformaram durante a pandemia, deixando de ser presencial e favorecendo os atendimentos digitais, o deslocamento de pessoas diminuirá e as atividades seguirão cada vez mais em home office, sempre que isso for possível. Meios de locomoção e de comunicação deixarão de ser concorrentes e começarão a ser complementares.

Quando a chave para a “uberização” for virada, o transporte público também evoluirá para maior qualidade e com tarifas pré-determinadas, de acordo com o compartilhamento de usuários e tempo de utilização. As bicicletas elétricas, compartilhadas e integradas às outras modalidades, estenderão mais opções de mobilidade, porém, dependentes do poder público, seja na permissão de tais modalidades, seja na infraestrutura integradora para os veículos amigáveis com o meio ambiente.

Luiz Vicente Figueira de Mello Filho
Bright Consulting

Office: + 55 19 3397.0175

contato@brightisd.com

Condomínio Centre Ville I
Rua Place Des Vosges, 88, BL. 2,
UN 114, CEP 13105-825
Campinas - SP, Brazil

Todos os direitos reservados à Bright Consulting

Desenvolvido por: