Tanto no Brasil quanto no resto do mundo, são os veículos mais caros e premium os primeiros a se transladar para a eletrificação.
A eletrificação dos veículos veio para ficar. O motivo é simples: é possível recuperar energia cinética de uma frenagem ou descida de serra através de um gerador carregando uma bateria, enquanto não é possível transformar essa mesma energia em combustível não queimado – gasolina, álcool ou diesel. Portanto, chegará um momento em que todos os veículos produzidos terão um motor elétrico e um gerador elétrico, acompanhados ou não de um motor a combustão.
Este artigo vem avaliar a participação de propulsões eletrificadas em veículos luxuosos – e mais caros – comparados com a média de veículos não luxuosos. O que os dados nos mostram na verdade, tanto no Brasil quanto no mundo, é que veículos elétricos e híbridos plug-in pertencem prioritariamente a um nicho: carros de luxo.
Quando analisamos os dados para EUA e mundo enxergamos com mais clareza esse comportamento, para o primeiro, BEV e PHEV correspondem juntos a 38% das vendas no segmento de luxo e apenas 4% nos demais. Na Europa, o avanço da eletrificação é maior com os veículos de luxo sendo 34% de BEV e PHEV enquanto os não luxuosos correspondem a 14%. No Brasil, no segmento de veículos de luxo, elétricos e híbridos plug-in tiveram participação de cerca de 19% em 2023, 13,8% para plug-in e 5% para elétricos, enquanto para o segmento de veículos não luxuosos, esse número não chega a 2%.
Quando analisamos as vendas de veículos elétricos e plug-in ao redor do mundo, fica claro que as vendas acontecem em países ricos e desenvolvidos. Em 2022, 60% das vendas destes veículos estavam concentradas na China, 10% para EUA, 8,5% para Alemanha e mais 9% dentre Reino Unido, França e Noruega. Ainda assim, a participação de veículos de luxo entre os eletrificados, permanece maior do que nos demais veículos, 35% contra 14%.
O panorama de preços reforça os dados para o Brasil, onde o preço médio de veículos eletrificados – contando os híbridos leves e híbridos plenos – têm preço médio de R$ 315 mil. Se tirarmos esses veículos da conta, o preço médio de um veículo elétrico ou plug-in está acima de 390 mil reais. No final de 2023, veículos como ORA e DOLPHIN trouxeram carros elétricos à preços mais acessíveis, mesmo assim o nicho permanece com alto preço médio. Para ter uma estimativa, carros com preço acima de R$ 315.000 correspondem apenas a 5,5% do mercado total.
Diante deste cenário, os veículos híbridos leves surgem como uma alternativa mais barata e menos custosa, uma vez que podem ser montados na mesma linha de produção e com mudanças mínimas na plataforma. As previsões da Bright, disponíveis no projeto E-Mobility Scenarios 2030 estimam que esses veículos devem somar 21% já em 2027, sendo 80% delas registradas por montadoras de grande volume, com produtos acessíveis destinados ao público geral.