AUTOMOTIVERESTART

A nova ordem do setor automotivo pós Covid-19

Publicado em 06/10/2020

Só falta um trimestre

rumo aos 2 milhões de veículos

O último trimestre de 2020 consolidará a capacidade de recuperação do mercado brasileiro e confirmará mudanças surpreendentes

Como já foi amplamente divulgado, o mês de setembro, com quase 199 mil unidades de automóveis e comerciais leves, trouxe algum alívio à distribuição de veículos depois de meses de demanda reduzida. Se agosto já tinha apresentado um volume 16% acima de julho, setembro veio com novo crescimento de 2 dígitos: 14% versus mês anterior. Enquanto agosto ficou 25% abaixo do mesmo mês em 2019, setembro foi apenas 11% menor na mesma comparação, diferença que deverá diminuir ainda mais no quarto trimestre.

De forma geral, faltaram os carros mais desejados. Mesmo com o aumento de preço em termos reais de 11% em 2020, a demanda reprimida fez com que os descontos diminuíssem e os estoques fossem gradativamente consumidos. Porém, o ritmo de vendas ainda não retornou ao nível de 2019 e nosso principal mercado de exportação, a Argentina, também se recupera da sua retração de vendas – consequentemente, as fábricas operam em menor velocidade do que rodavam em 2019.

Olhando em detalhes o mês de setembro, identificamos algumas surpresas quando avaliamos o Dashboard Diário da Bright Consulting:

  • Vendas diretas em 44%, acima do valor acumulado no mesmo período de 2019. Alguma mudança de mix dessas vendas diretas é observada, com maior participação de veículos para portadores de deficiência (PcD) e redução de locadoras independentes com menor volume de veículos para aplicativos de mobilidade;
  • Participação maior do Nordeste na divisão das vendas – 16,7% contra 14,6% na média dos meses anteriores, provavelmente fruto de investimentos na região e de estarem mais adiantados que o resto do país no ciclo da pandemia;
  • Recuperação do mix de hatchbacks seguindo a recuperação das vendas diretas, considerada a principal fonte compradora de volume. Em alguns momentos durante a pandemia, o segmento de hatchbacks quase perdeu a liderança para os SUVs, ambos ao redor de 31% das vendas. E os sedans definitivamente perderam espaço nas garagens dos clientes devido, inclusive, ao menor número de versões disponíveis;
  • Reviravolta no ranking das montadoras, com a Fiat arrebatando a liderança, fruto do extraordinário sucesso da Fiat Strada, que traz a níveis mais acessíveis o conceito da Fiat Toro. Estas picapes com quatro portas tornaram-se grandes alternativas de compra para os clientes de SUVs compactos e deverão dividir o segmento. A VW ficou em segundo lugar, também fruto dos últimos lançamentos bem feitos. Hyundai retorna à quarta colocação e, depois, uma briga feroz entre Toyota, Ford e Renault, com a Jeep fortalecendo sua posição. GM e VW disputando a liderança por diferença de 0,1/0,2% no ano.
  • Totalizadas até agora 1,299 milhão de unidades comercializadas, faltam 659 mil veículos para atingirmos a nossa previsão de 1,96 milhão de unidades no ano. Com 210 mil veículos leves previstos para outubro, média diária de 10 mil unidades (10,6 mil foi a média dos dois primeiros dias deste mês), restariam 449 mil unidades para os 2 meses mais fortes do ano, com 42 dias de venda, ou seja, média diária de 10,6 mil unidades. Isso significa que já estamos lá e a possibilidade de atingirmos os 2 milhões de unidades este ano é real e dependente da disponibilidade de produtos na rede.

Abrimos este artigo falando do alívio nas redes de distribuição e de como esta situação de redução de estoques melhora a qualidade da venda. Neste setor, é melhor vender bem do que vender muito. Pagam-se as despesas variáveis, permitem-se os investimentos adequados em comunicação e sobra algum no caixa dos concessionários. Conforme divulgado pela Bright Consulting dentro do projeto AUTOMOTIVE RESTART, aumentou a participação de vendas digitais das montadoras, seja para pessoa jurídica, seja por e-Commerce autorizada pelas associações de concessionárias.

Quando a Lei 6729 (Lei Renato Ferrari), que rege a comercialização de automóveis, foi construída, não existiam vendas pela internet. Como esse faturamento é direto do fabricante ao cliente, essa modalidade de vendas não está prevista na lei e necessita de concertação jurídica para que acordos individuais entre as partes sejam executados. Por seus custos menores (impostos, logística e comissão dos concessionários), esse canal de vendas vem se tornando cada dia mais importante e traz a negociação quase que completamente para o ambiente virtual.

No entanto, uma nova dimensão nas várias frentes de vendas que pudemos identificar nestes últimos 3 meses foi a aceleração da locação direta pelas montadoras, prática já aplicada por alguns players e que pode estar representando mais de 10% desta modalidade de venda. Assunto para nossa próxima Newsletter Bright Experience nas próximas semanas.

Cassio Pagliarini
Bright Consulting

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