ARTIGOS

Publicado em 01/04/2021

Ufa! Já se foram três meses!

Uma comparação entre a indústria automobilística do início de 2021
e aquela de 2020, no começo da pandemia.

Tanta coisa aconteceu que pouca gente se lembrará que o começo de 2020 foi estranho, com janeiro fraco e fevereiro forte, depois de uma recuperação moderada em 2019.

O mês de março de 2021 começou bem, com várias montadoras prevendo volumes superiores a 210 mil unidades – a Bright Consulting estimava 196 mil veículos leves. Rapidamente, essas previsões otimistas se esvaziaram em função do aumento incontrolável da Covid-19, fechamento de cidades, antecipação de feriados e um clima desolador, com enormes filas para acesso às UTIs em todo o país. Este mês está fechando com 177,4 mil unidades. Fazendo as comparações com 2020, obtemos um resultado positivo – 14% acima do mesmo mês do ano passado. Explica-se: março de 2021 foi menos ruim que março de 2020, quando cidades foram fechadas na terceira dezena do mês.

A comparação do primeiro trimestre com grandes descontinuidades em ambos os anos traz resultados interessantes. Começando pelo volume, o primeiro trimestre de 2020 registrou 534 mil emplacamentos, enquanto 2021 marca 498 mil veículos devido ao resultado forte de fevereiro de 2020. As vendas diretas caíram, tanto pela menor disponibilidade de veículos quanto pela disposição das montadoras em reduzir os descontos nas vendas a locadoras, aproximadamente um quinto das vendas totais. O percentual de vendas diretas passou de 43%, em 2020, para 41%, em 2021, mesmo assim com grande variação entre os meses: março de 2021 traz um aumento substancial com relação a janeiro e fevereiro.

Faltam estoques, mas não de todos os produtos e todas as versões – grande oportunidade de crescimento para os veículos bons que não são líderes. Prova disso é a grande reviravolta de modelos no mês de março, com 4 veículos Fiat entre os 10 mais vendidos, o que coloca a marca na liderança incontestável no primeiro trimestre. Dificilmente, outra marca irá tirar da Fiat a primeira posição em 2021. O Chevrolet Onix perde a primeira posição pela parada de produção, superado pela Fiat Strada e pelo HB20. Outra surpresa é a volta do VW Gol entre os 5 primeiros.

A segmentação também reflete a menor presença de locadoras e a preferência do consumidor pelos SUVs. Este segmento, responsável por 23% das vendas no início de 2020, passou dos 30% em 2021, enquanto os hatches e sedans percorrem o caminho inverso:  de 43% para 35% para os hatches e de 18 para 13% do mercado para os sedans. A Bright Consulting projeta que os SUVs serão o segmento dominante a partir de 2025, com propostas de veículos menores e menos caros a serem lançados. Também teve boa presença a categoria de picapes derivadas de automóveis com o sucesso da Fiat Strada.

Os preços sugeridos do primeiro trimestre de 2021 subiram muito também. Se o aumento de 2019 para 2020 situou-se em 1,8% em 12 meses, a explosão da moeda estrangeira e dos commodities fez o preço médio subir 7,5%, comparados os preços médios de todos os veículos. O efeito acumulado desde dezembro de 2019 supera muito a inflação do período. Abordamos esse assunto em nossa última newsletter.

Qual a visão da Bright Consulting para os próximos meses?

Neste cenário de grandes incertezas, o volume dependerá muito dos resultados das ações de contenção à Covid-19 e da evolução da imunização pelas vacinas. Se o pico do contágio na segunda onda já tiver sido atingido em março, poderemos ter uma abertura gradual em abril e alcançar volumes diários muito próximos aos que tivemos em março. Nossa projeção para o mês são 158 mil unidades (pois tem 3 dias úteis a menos que março), seguindo para 173 mil em maio.

A calendarização de volumes para o ano fica alterada com relação ao padrão normal 46/54% entre primeiro e segundo semestres. O ano fecha com 2,38 milhões de unidades, 43% delas vendidas no primeiro semestre. Maiores reveses com a pandemia não serão recuperados durante o ano e levarão os volumes a patamares menores. Dentro dessa turbulência, projetar o ano seguinte é uma temeridade. Mesmo assim, a Bright acredita no controle total sobre a pandemia ainda durante 2021, o que deve levar a um ano de recuperação em 2022, com 2,6 milhões de unidades e 2,8 milhões em 2023, ultrapassando as 2,66 milhões de unidades de 2019.

Em breve, vamos entrar na fase de mensurações de eficiência energética contra as metas 2022 do programa ROTA 2030. Acontecem, a partir de agora, as negociações sobre os objetivos e regras da legislação para 2027 e 2032, que impactam diretamente na emissão de gases de efeito estufa. Também passaremos pelas evoluções PL7/8 no programa de proteção ao meio ambiente. Presente na tela de radar das autoridades figuram o correto aproveitamento dos ativos nacionais como a produção de biocombustíveis e uma provável reordenação fiscal para a mobilidade sustentável, de forma a tornar viável a produção local e venda acessível de veículos eletrificados – falamos recentemente que a disponibilidade atual de veículos eletrificados só beneficia quem tem muitos recursos a investir. Ou seja, ainda tem muito trabalho pela frente.

Cassio Pagliarini
Bright Consulting

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