A evolução dos conceitos de construção e utilização faz marcas e clientes voltarem seus olhos para elétricos que tenham menores restrições de autonomia
Ao anunciar, em 2021, o início da produção da versão totalmente elétrica da picape F-150 Lightning, a Ford recebeu 200 mil pré-pedidos e planejou uma linha específica para sua produção na unidade Rouge em Detroit. Uma vez que os clientes averiguaram as características do produto, especialmente a sua limitação de autonomia e as dificuldades em recarregamento em lugares isolados, a lista de pedidos evaporou.
Os motivos são simples de entender. Os consumidores americanos adoram suas picapes porque são grandes, fazem qualquer trabalho e chegam a qualquer lugar. Se o veículo é elétrico, essas justificativas deixam de ser totalmente verdadeiras. Sim, é possível ter um veículo elétrico a bateria com a autonomia de uma picape diesel ou gasolina, mas seu preço seria muito superior àquele que seus usuários desejam pagar, sem falar no seu peso muito maior, o que também cobra seu custo em autonomia e dimensionamento de componentes.
A solução parece estar nos extensores de autonomia instalados nesses veículos, que continuariam a ser movidos por um motor elétrico, mas com um gerador a combustão, bastante eficiente, destinado a carregar as baterias quando uma estação de carregamento esteja distante. As baterias seriam menores, menos caras, permitindo 200 km de autonomia puramente elétrica, enquanto o motor a combustão se encarregaria de fornecer a energia para percursos mais extensos, da ordem de 1000 km.
É difícil vender ao cliente aquilo que ele não quer comprar e esse cliente não quer perder a liberdade que tem hoje nem pagar mais por isso. Da mesma forma que o Brasil ruma para soluções mais eficazes e sustentáveis por meio de híbridos leves movidos a etanol, outros países precisarão de respostas específicas aos seus próprios clientes. Essa solução, chamada de EREV (Extended Range Eletric Vehicle) poderia ter sido oferecida há mais tempo no mercado americano, pois o conceito já existe há pelo menos 10 anos no mercado chinês. Faltou pensar um pouco mais fora da caixinha.
A Bright Consulting é uma consultoria automotiva especializada com sede em Campinas (SP), criada em 2014, e tem como missão oferecer um portfólio de serviços de inteligência competitiva orientado para minimizar os riscos relacionados ao processo decisório de seus clientes. Conta com especialistas reconhecidos nos mercados nacional e internacional, que avaliam as grandes transformações do mercado e da indústria, os impactos da evolução tecnológica nos veículos e contribuem na elaboração de projeções mais assertivas de sustentação às decisões das empresas.
