O ajuste progressivo das normas de emissões impõe mais equipamentos nos veículos e eleva seus preços
O programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) iniciou uma nova fase em 2025 – o PL8 – com limites de emissões mais severos e progressivamente mais restritivos a cada dois anos, alcançando limites finais a partir de 2031. Na última fase, em 2031/2032, a diferenciação de limites por categoria de veículos (passageiros e comerciais leves) será eliminada introduzindo então um único limite corporativo para emissões de NMOG+NOx.
Os recentes requisitos do PL8 demandam a adoção de tecnologias mais avançadas de controle de emissões, incluindo catalisadores mais eficientes e, no caso de veículos comerciais a diesel, a utilização de sistemas de redução catalítica seletiva (SCR). Essa tecnologia, embora não obrigatória, é fundamental para o cumprimento das novas metas. Atualmente, dos 11 modelos de picapes a diesel vendidas no Brasil, 7 já utilizam o sistema com Arla-32, enquanto 4 ainda devem se adequar ao longo de 2025. O custo médio da tecnologia varia entre US$500-700, com potencial de redução de 60 a 70% das emissões de NMOG+Nox, destacando-se como uma solução estratégica para as montadoras que buscam maior competitividade e alinhamento a diretrizes mais sustentáveis.
Além disso, a implementação de catalisadores mais eficientes, exigida nas novas fases, impulsiona mudanças no substrato utilizados, aumento de 30 a 40% na quantidade de metais preciosos e um acréscimo estimado de 20 a 25% no custo final do componente. Dessa forma, apesar do aumento dos custos que isso irá causar, essas adaptações são indispensáveis para atender às regulamentações ambientais e prolongar a durabilidade dos sistemas e sua eficiência.
No entanto, o impacto regulatório não se limita apenas ao pós-tratamento. Motores ciclo Otto, equipados com injeção direta, que compunham 29% dos veículos comercializados em 2022, hoje já são 40% e devem alcançar 75% em 2027. Paralelamente, motores turbo, que eram 44% em 2022, já são 50% e devem chegar a 70% em 2027. No campo da eletrificação, o volume de veículos híbridos leves (12V ou 48V) e outros eletrificados também tiveram crescimento significativo e desempenharão um papel importante rumo a uma mobilidade mais sustentável. Os híbridos leves representavam 0,4% das vendas em 2022, chegaram a 0,7% em 2024 e serão 1 em cada 4 veículos comercializados em 2027. Já os eletrificados, ou seja, dos leves até os totalmente elétricos, avançaram de 2,5% em 2022 para 7% em 2024 e devem saltar para mais de 40% em 2027.
Essa nova fase do programa reforça o compromisso do país com o controle ambiental das emissões de poluentes por veículos leves, que desempenham papel fundamental no comprometimento da qualidade do ar em grandes centros urbanos. Ao mesmo tempo, oferecem previsibilidade às montadoras, garantindo investimentos ao setor e competitividade num mercado cada vez mais disputado e regulado.